03 abril 2007

Salomé

Sua luxúria um abismo... Sua perversidade um oceano!





"Não me ponha louco, Salomé!
Não mais negue as formas deste seu corpo de mulher!
Pelo mal que fiz sem querer!
Pelo amor que morreu sem ter nascido!
Pelas horas vividas sem prazer!
Pela tristeza do que eu tenho sido!
Pelo esplendor do que eu deixei de ser! Dance!
Façamos então um trato: dance para mim e te darei o que quiser!
Dance e me seduza e o mundo será seu!
Dance, Salomé! Dance!

É primavera, um sorriso aberto em tudo,
Os ramos numa palpitação de flores majestosa!
Carne! Que mais quer?
Coração! Que mais quer?
Passam as estações e passam as mulheres...
Dance, odiosa!"

"Radioso véu, mais leve que um perfume,
Cinge-a, deixando ver sua nudez morena,
Dos seus dedos flameja o precioso lume
E em cada mão traz uma pálida açucena.
E a infanta avança. ao som dos burcelins...
Como sonâmbula perdida
Em encantos, místicos jardins,
Dir-se-ia que dança desmaiando
Ao perfume das flores que estão em roda...
Dir-se-ia que dança e está sonhando...
Dir-se-ia que a estão beijando toda..."


“É, na verdade, a digna filha de sua mãe”!